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Dois grandes dragões alados vigiam os portões de horm maciço. A entrada está ali, na passagem de muitos mas poucos a vêem, convido-os a entrar. Cruzem os portões e caiam no meu mundo.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Livro em Branco

Trezentas e sessenta e cinco páginas em branco, é assim que um novo ano deveria ser visto. Vinte e quatro linhas em branco, é assim que um novo dia deveria ser visto. Sessenta palavras espalhadas, é assim que uma nova hora deveria ser vista. Palavras pra se ordenar, para construir frases, versos, poemas, histórias e estórias, escrever capítulos inteiros, dias inteiros! Tantos dias quantos couberem num ano. Quem sabe numa vida inteira, quem sabe uma vida inteira seja pouco tempo para tanto silencio, quem sabe uma vida inteira seja livros em branco demais para se preencher. Quem sabe a gente não passa por todos esses livros pulando páginas com medo de preenchê-las, com medo de escrever errado ou escrever certo e viver errado. Com medo das palavras certas na hora errada ou da palavra errada na linha certa. Quantas linhas pulamos, quantas páginas ficaram para trás, quantos livros já foram dos quais nos orgulhamos, de quantos ficou a vergonha, quantos temos medo de olhar, quantos vamos escrever, quantos vamos olhar, quantos vamos esperar que se escrevam sozinhos e guardar em branco no fim das trezentos e sessenta e cinco folhas?
Uma página em branco assusta porque ela está te perguntando o que fazer, ela quer uma resposta, quer tinta, quer virar história. Escolher uma palavra é não escolher todas as outras, uma página em branco está te exigindo que escolha palavras e que não escolha todas as outras.
Ai a gente rabisca nossas ideias, nossas ideias bagunçadas esperando escrever grandes coisas com medo de estar tudo errado. Mas basta escrever e fazer as próprias páginas, nosso livro nós que fazemos, trezentas e sessenta e cinco páginas que dependem unicamente de nós ou ficarão em brancas para sempre perdidas em prateleiras velhas cheias de pó. São oportunidades para se preencher, pontinhos para ligar e desenhos para colorir, são nossos dias, nossas horas e nossos minutos, nossas páginas, linhas e palavras, nossa tinta imaginária, nosso tempo contado escorrendo pelas nossas mãos. Nosso tempo, gostas de tempo, escorrendo pelas páginas em branco pedindo pra ser escritas. Não seria injusto deixá-las em branco?
Um livro de trezentas e sessenta e cinco páginas...uma oportunidade nova por dia, a cada minuto, infinitas chances de mudar tudo, de sonhar e fazer.
Fazer, e fazer, e fazer.
Virgulas e letras, exclamações e acentos, palavras e mais palavras.
Ponto final, nunca

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